39. E Riobaldo vira o novo chefe do bando




Depois da encruzilhada Riobaldo está diferente e impõe respeito. Ele resolve, passando por cima da autoridade de Zé Bebelo, chefe do bando até então, mandar alguém comprar remédios para os doentes do bando. E se enoja com a inatividade do grupo.


“Eu tinha enjôo de toda pasmacez.”


Riobaldo começa a sugerir planos a Zé Bebelo, que infiltre um colega no bando rival, para espionar ou até matar o Hermógenes. E fica irritado se qualquer um conteste suas ideias.

Diadorim estranha os novos modos de Riobaldo. E ameaça fraquejar no dever da vingança.


– “Nós dois, Riobaldo, a gente, você e eu... Por que é que separação é dever tão forte?...”


Riobaldo relembra a ele o seu mandado de ódio ao dizer:


– “Aquele, hora destas, deve de andar lá por entre oUrucuia e o Pardo... O Hermógenes...”


A provocação surte efeito e Diadorim acinzenta a expressão e retoma o ódio ao assassino de seu pai. Riobaldo fica feliz.


Como era que era: o único homem que a coragem dele nunca piscava; e que, por isso, foi o único cuja toda coragem às vezes eu invejei. Aquilo era de chumbo e ferro.


Como já dissemos em postagem anterior, Diadorim não era corajoso. Era valente. Pois faltava a ele o medo que dá a prudência necessária para que a coragem se manifeste.

E Riobaldo começa a declarar a todos os erros que eles haviam cometido, sob a liderança de Zé Bebelo. Reclama inclusive que, enquanto esperavam a doença passar, já deviam ter mandado gente providenciar munição. Zé Bebelo reconhece o erro e o justifica pelo fato deles terem perdido a rota.

Riobaldo ganha um cavalo de Seu Habão, um maravilhoso animal. E manda – quando vê já tinha mandado – um colega cuidar do animal.

No dia seguinte chegam João Goanhá, com mais uns dez cabras que já tinham sido do bando.

E Riobaldo do nada pergunta a todos:


- “Ah, agora quem aqui é que é o Chefe?”

Só perguntei. Sei por quê? Só por saber, e quem-sabe por excessos daquela minha mania derradeira, de me comparecer com as doidivãs bestagens, parlapatal. De forma nenhuma eu não queria afrontar ninguém. Até com preguiça eu estava. A verdade, porém, que um tinha de ser o chefe. Zé Bebelo ou João Goanhá.

Um para o outro olharam.

- “Agora quem é que é o Chefe?”


Ninguém responde e ele pergunta mais uma vez. E ninguém fala nada. E pergunta de novo e ninguém responde de novo. Porque...


E eu – ah – eu era quem menos sabia – porque o Chefe já era eu. O Chefe era eu mesmo! Olharam para mim.


E pergunta de novo, ainda...

E, com os companheiros todos já em volta, dois parecem desgostar do que está acontecendo.

O Rasga-em-Baixo que, pelo visto, era um inimigo oculto de Riobaldo, resolve bulir em suas armas e Riobaldo o mata, tiro justo, na hora. E o irmão dele, José Félix treme frente a morte fraterna e já leva tiro também.

E Riobaldo pergunta ainda mais uma vez quem é o chefe.

Todos estão quietos.

Diadorim se aproxima de Riobaldo. Outros também vão formando ao seu lado.

João Goanhá sorri para Riobaldo e Zé Bebelo sacode os ombros.

Riobaldo ainda pergunta a Zé Bebelo, mais três vezes, quem é o chefe. No final ele fala que é Riobaldo mesmo.

E todos os companheiros cumprimentam o novo chefe do bando.

Zé Bebelo se despede. Diz que não nasceu para ser chefiado. E batiza o novo chefe de todos.


- “Mas, você é o outro homem, você revira o sertão... Tu é terrível, que nem um urutu branco...”

O nome que ele me dava, era um nome, rebatismo desse nome, meu. Os todos ouviram, romperam em risos. Contanto que logo gritavam, entusiasmados: - “O Urutu-Branco! Ei, o Urutu-Branco!...”



Nasceu Urutu-branco, o chefe que não teme. Morreu Riobaldo, o menino temor. E o preço será pago mais tarde, com Riobaldo perdendo o seu amor maior.

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